Por Mateus Gusmão
O prefeito Neto vive enchendo a bola dos vereadores de Volta Redonda pela parceria que têm com o Palácio 17 de Julho. Não é para menos. Desde que retornou à prefeitura, em 2021, Neto só acumula vitórias no Legislativo. Aprova tudo o que quer e o que não quer. Mas a lua de mel com o Parlamento pode estar perto do fim. O alerta foi dado na sessão de terça, 18, através de um forte desabafo de Paulo Conrado, um dos políticos mais experientes da Casa. “Eu acho que o relacionamento Executivo e Câmara precisa melhorar muito. A gente não pode ficar só nas palavras. Pa- lavras, o vento leva. Queremos ação, atitude e não estamos vendo. O relacionamento não está bom”, disparou Conrado, lamentando que o líder do governo, Luciano Mineirinho, não estivesse presente. “Mas eu vou passar isso para ele. Estamos começando o mandato, mas a relação precisa melhorar muito”, completou.
Para Conrado, os vereadores são parceiros do Poder Executivo. “Nós aprovamos a criação, de uma hora para a outra, de cinco secretarias municipais. Isso sem falar em outras votações. Mas não podemos ter tratamento de segunda, de terceira. Eu vejo muitos colegas nos reportando isso”, disse, acrescentando que os parlamentares não podem ficar de ‘cócoras’ para o Executivo. “Nós temos que ter o mínimo de dignidade. Esse é um apelo que fazemos enquanto ainda há tempo”, acrescentou, deixando uma ameaça velada no ar. Conrado garante, entre outras, que quando leva uma demanda a alguma secretaria, o pedido é sempre empurrado com a barriga. “É uma coisa que põe essa Casa como departamento, como algo subalterno. Eu não quero polemizar”, disse, já polemizando. “Mas que sirva de alerta para o Poder Executivo. Sempre ajudamos, e o prefeito diz que a Câmara é parceira, mas precisamos partir para a prática. Essa Casa precisa de consideração”, disparou.
“O eleitor, o cidadão, ele bate na porta do vereador. É o vereador que sabe a necessidade do cidadão. O vereador é o político mais próximo das pessoas, nós que sabemos das demandas”, pontuou, ressaltando que o Executivo tem que ter um respeito maior para com o Legislativo. “Nenhum vereador vai lá pedir algo para si. Nós vamos pedir para o cidadão”, concluiu. Outros parlamentares não tiveram a mesma coragem de Conrado de demonstrar publicamente suas insatisfações. Mas, como o aQui revelou com exclusividade na última edição, um dos mais insatisfeitos com o Palácio 17 de Julho é Zoinho, que já foi adversário ferrenho de Neto e que foi eleito por um partido aliado do Palácio 17 de Julho.
Em reuniões entre os colegas, Zoinho deixa claro que o governo Neto não está cumprindo os acordos firmados com os parlamentares. Um vereador, que pediu para não ser identificado, diz que um dos problemas tem sido a não nomeação de ‘cargos comissionados’. “No Santo Agostinho tem dois vereadores da base do Neto: Sukinho e Rodrigo Furtado. Aí o prefeito cria uma sub-prefeitura para abrigar um candidato derrotado (Ednilson Vampirinho) e não deixa os vereadores de mandato indicarem nenhum nome para trabalhar no local. Agora, tudo o que for feito no Santo Agostinho será mérito do Vampirinho, e os dois parlamentares não vão ter nada”, exemplificou.
Os vereadores também reclamam que não são atendidos por alguns secretários, como o de Transporte, Paulo Barenco, e a de Serviços Públicos, Poliana Moreira. “Com o Barenco já estamos acostumados, ele não atende ninguém. Acha que vereador não é nada. A Poliana agora começou a não atender também. Chegou a criar um grupo no WhatsApp com os vereadores, mas não atende às demandas. Já estão dizendo que será candidata a vereadora e não quer concorrência”, pontuou. O clima promete esquentar nas próximas sessões. Quem viver verá!