Peixão usava os Correios para receber armas de guerra para o tráfico


A Polícia Federal desvendou um esquema de importação ilegal de armas de guerra, operado por Álvaro Malaquias Santa Rosa, conhecido como Peixão, um dos principais líderes do Terceiro Comando Puro (TCP). De acordo com as investigações, o traficante utilizava rotas internacionais para adquirir fuzis, munições, explosivos e equipamentos antidrone, com os pagamentos sendo feitos em dólares.

Os itens eram transportados por empresas logísticas e até pelos Correios, chegando ao Brasil disfarçados sob códigos de rastreamento. Para facilitar o recebimento dos produtos, Peixão também utilizava transportadoras locais. As informações foram divulgadas inicialmente pelo programa ‘Fantástico’, da Rede Globo

O esquema criminoso contava com a colaboração de Everson Vieira Francesquet, que era o responsável pela coordenação da logística da facção. Como armeiro, ele organizava a chegada e a distribuição dos armamentos para abastecer o tráfico na Zona Norte.

Francesquet foi preso em julho de 2023, após tentar retirar uma encomenda nos Correios, que continha um fuzil antidrone identificado como ‘brinquedo eletrônico’, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. No entanto, ele foi solto e respondia o processo em liberdade. Como tinha que se apresentar à Justiça mensalmente, o acusado foi preso novamente este mês. Ele responde por tráfico internacional de armas e associação criminosa.

Peixão, no entanto, segue foragido. No dia 11 deste mês, a Polícia Civil fez uma operação no Complexo de Israel, na Zona Norte do Rio, com objetivo de cumprir mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao traficante. Um “resort” de luxo e uma academia usada por criminosos foram demolidos.

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O que diz os Correios?

Por meio de nota, os Correios informou que mantêm uma atuação rigorosa no combate ao envio de objetos ilícitos por meio do serviço postal, trabalhando em estreita parceria com órgãos de segurança e fiscalização. A empresa ressaltou que o sistema foi utilizado pela organização criminosa em julho de 2024, detectado pela área de segurança e informado à PF.

“Desde então, o sistema postal não foi mais utilizado pela quadrilha. A estatal conta com sistemas avançados de monitoramento, como inspeção por raio-x, permitindo identificar encomendas suspeitas e acionar as autoridades competentes para adoção das medidas cabíveis.

A estatal investiu cerca de R$ 400 milhões em segurança e prevenção nos últimos dois anos, contemplando medidas como contratação de escolta, rastreamento de carga e aquisição de equipamentos de segurança.

Os Correios atuam em parceria com a Polícia Federal, as secretarias estaduais de Segurança Pública, Receita Federal, Exército e outras instituições para fortalecer a troca de informações e inteligência.

A estatal reafirma seu compromisso com a segurança e a integridade dos serviços postais, garantindo que sua rede logística não seja utilizada para atividades criminosas. O trabalho conjunto com os órgãos de segurança tem gerado resultados concretos, contribuindo para a redução do número de delitos no fluxo postal, que caiu de 4.168 ocorrências em 2021 para 2.653 em 2023, uma redução de mais de 34% no período”, diz o comunicado.

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