A Polícia Rodoviária Federal registrou, em um período de 12 horas, dois casos de caminhoneiros trafegando pela Dutra na região com cartelas de “rebites” em suas cabines. O uso de anfetaminas é considerado por autoridades de trânsito como um dos maiores riscos para acidentes graves nas rodovias do país.
Na manhã desta sexta-feira (14), um caminhão que seguia do Espírito Santo para o Rio Grande do Sul com uma carga de tomates, conduzido por um homem de 32 anos, foi interceptado no km 279 da pista sentido São Paulo, em Barra Mansa. Ele foi denunciado por uma usuária da rodovia de que a placa traseira do caminhão estava dobrada para dificultar a identificação do veículo – o que já é uma infração. Durante a fiscalização, os PRFs encontraram de duas cartelas de “rebite”, num total 22 comprimidos do medicamento proibido composto por anfetamina.
Na noite da quinta-feira (13), segundo a Polícia Rodoviária Federal, o condutor de um carro de passeio alertou que quase sofreu um acidente ao ser fechado duas vezes na pista sentido Rio, em Barra Mansa, ao tentar ultrapassar uma carreta caçamba. A carreta foi abordada no km 233 da Dutra, em Piraí, no início da descida da Serra das Araras.
Durante a fiscalização foi verificado no tacógrafo que o motorista, de 28 anos, não havia cumprido as paradas obrigatórias para descanso, estando dirigindo por várias horas ininterruptas. Depois de negar, ele acabou admitindo que faz uso de “rebite” e entregou uma cartela com oito comprimidos de outro tipo de anfetamina.
Os dois caminhoneiros assinaram um termo de compromisso se comprometendo a comparecer à Justiça quando intimados. O primeiro foi multado por estar com a placa dobrada. O segundo, que seguia de Descalvado (SP) para o Rio de Janeiro com 36 toneladas de areia, também foi autuado por não respeitar o tempo exigido de descanso, que terá de cumprir.
Perigo – Segundo dados de 2021 da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet), em média 30% dos caminhoneiros brasileiros usam drogas para suportar a exaustiva jornada de trabalho a que são submetidos. No caso das cargas perecíveis, esse índice chega a 50%, conforme identificou o Ministério Público do Trabalho em ações conjuntas com a PRF.
As anfetaminas estimulam as funções cognitivas e psicomotoras, que podem aumentar perigosamente a autoconfiança do motorista e contribuem para que ele esteja mais propício a se arriscar no trânsito, elevando o risco de acidentes.
A prática é considerada uma infração gravíssima de trânsito, de acordo com o artigo 165 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), colocando em risco a vida do caminhoneiro e de outras pessoas. De acordo com a Abramet, as mais utilizadas são as anfetaminas, seguidas de maconha, cocaína e alucinógenos.
A PRFF ressaltou a importância da colaboração dos usuários nas duas ocorrências, fazendo a denúncia, presencialmente, no caso da primeira, ou através do número de emergência da corporação (191), como foi na segunda, permitindo aos agentes agirem de imediato. (Foto: PRF)