Relator debaterá ajustes no Orçamento com congressistas nesta terça-feira

Depois de uma semana sem atividades após o feriado de Carnaval, os congressistas retornam para Brasília com foco nos ajustes para a aprovação do Orçamento de 2025, que ainda está pendente. Uma reunião entre os líderes da Comissão Mista de Orçamento (CMO) do Congresso está prevista para as 14h desta terça-feira (11).

O debate sobre a peça orçamentária foi destravado após o acordo sobre as emendas parlamentares, homologado pelo Supremo Tribunal Federal.

Os parlamentares e o relator, senador Angelo Coronel (PSD-BA), devem negociar ajustes no texto, os quais envolvem, entre outros pontos, o programa Pé-de-Meia, alvo de análise do Tribunal de Contas da União (TCU), os recursos do vale-gás e as próprias emendas.

“O Pé-de-Meia deve ser discutido e também a questão do vale-gás, mas a reunião é principalmente para o relator ouvir alguns líderes e a gente deixar tudo certo para a votação”, afirmou Júlio Arcoverde (PP-PI), presidente da comissão.

A CNN apurou que o relator ainda negocia o tamanho do ajuste nas contas e que o montante pode chegar a R$ 20 bilhões. Um estudo da Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira da Câmara (Conof), publicado em fevereiro, indicou a necessidade de ajuste para cobrir R$ 22,8 bilhões em despesas não computadas.

Pé-de-Meia e vale-gás

No caso do Pé-de-Meia, que chegou a ter recursos bloqueados no início deste ano, o TCU deu aval para a continuidade do programa, mas concedeu prazo de 120 dias para o governo buscar a adequação do financiamento do programa às normas orçamentárias e de responsabilidade fiscal.

O auxílio gás tem situação semelhante, com despesas subestimadas no projeto do Orçamento. Para o vale-gás, o governo destinou na peça orçamentária R$ 600 milhões, valor avaliado como insuficiente por técnicos do Congresso. Isso porque o programa também prevê a utilização de recursos fora do Orçamento.

Para estar de acordo com as boas práticas orçamentárias, os recursos para o pagamento do benefício deveriam estar previstos integralmente no Orçamento. Em entrevista ao apresentador Victor Irajá, da CNN, Arcoverde afirmou que, apesar dos debates entre os líderes, os recursos para o pagamento do vale-gás não devem, de fato, ser incluídos no Orçamento.

Outra negociação que deve mobilizar os parlamentares envolve as emendas. Os congressistas deverão adequar processos e seguir as novas orientações de transparência aprovadas no acordo com o STF.

No total, segundo um Informativo Conjunto do Congresso, o projeto do Orçamento recebeu mais de 7 mil emendas que somam mais de R$ 177 bilhões. Caberá ao relator definir o que de fato entrará e ficará previsto no Orçamento.

Novo cronograma

Na semana passada, a CMO divulgou um calendário atualizado para a análise do Projeto de Lei Orçamentária (PLOA) deste ano, com previsão de votar o texto entre os dias 18 e 19 de março.

A data foi definida pelo presidente por Júlio Arcoverde em diálogo com o relator da proposta. A expectativa de ambos é que os líderes partidários no colegiado se reúnam nesta terça-feira para debater os últimos pontos do texto.

Na terça-feira seguinte (18), Angelo Coronel deve iniciar a leitura do relatório e abrir o prazo para a apresentação de destaques (possíveis mudanças) ao texto.

A votação do parecer final fica para a quarta-feira (19) e, se houver acordo, o texto pode ser analisado em sessão conjunta pelos plenários da Câmara e do Senado no mesmo dia. O agendamento da sessão em plenário será feito pelo presidente do Congresso, Davi Alcolumbre (União-AP).

Acordo para emendas

A votação do Orçamento deste ano ficou travada ao longo de 2024 devido ao impasse entre o Legislativo, o Executivo e o STF sobre o pagamento de emendas parlamentares. O ministro da Suprema Corte Flávio Dino suspendeu a execução dos recursos até que o Congresso e o governo federal definissem critérios de transparência e rastreabilidade dos valores.

Após meses de negociação, o acordo foi firmado e Dino liberou o pagamento das quantias. A decisão do ministro foi validada pelo plenário da Suprema Corte.

Por não ter o Orçamento aprovado, o governo federal teve de iniciar o ano de 2025 com autorização para gastar apenas 1/12 das despesas previstas para este ano.

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