Sem celular – Jornal Aqui

Com a crescente presença de dispositivos digitais e a alteração dos hábitos cotidianos, pais, educadores e especialistas estão cada vez mais preocupados com os efeitos do tempo de tela, o acesso precoce à internet e às redes sociais, e os impactos na saúde e no desenvolvimento de crianças e adolescentes. Esse cenário torna a discussão sobre monitoramento e controle do uso da tecnologia mais relevante do que nunca.
Diante disso, o Ministério da Educação encaminhou proposta para a Câmara dos Deputados proibir o uso de telefones celulares nas escolas. E a Comissão de Educação da Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei que proíbe o uso de telefone celular e de outros aparelhos eletrônicos portáteis por alunos da educação básica em escolas públicas e particulares, inclusive no recreio e nos intervalos entre as aulas. Além de proibir o uso, o texto proíbe também o porte de celular por alunos da educação infantil e dos anos iniciais do ensino fundamental, como forma de proteger a criança de até 10 anos de idade de possíveis abusos. A proposta autoriza, por outro lado, o uso de celular em sala de aula para fins estritamente pedagógicos, em todos os anos da educação básica. Permite ainda o uso para fins de acessibilidade, inclusão e condições médicas.

Pesquisa

Uma pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva e QuestionPro revela que 8 em cada 10 adultos (80%) acreditam que o uso de celulares nas escolas deve ser mesmo proibido. A concordância com essa medida é significativa entre diferentes grupos demográficos:
Pais: 82% apoiam a proibição. Brasileiros sem filhos: 72% concordam com a medida. Geração Z (18 a 29 anos): 68% são favoráveis à proibição. Pessoas com 61 anos ou mais: 87% apoiam a restrição. “Depois da pandemia, período em que a internet teve um papel fundamental para que as crianças mantivessem os estudos, a população começa a perceber os efeitos negativos do uso excessivo de telas e do acesso à internet na infância e adolescência.
Hoje, a maioria da população é a favor da proibição do uso do celular dentro das escolas – e a proibição é majoritária mesmo entre os mais jovens”, afirma Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva. A pesquisa também destaca um contraste significativo entre a idade que os adultos consideram adequada para que crianças e adolescentes tenham o primeiro celular e a idade em que os jovens desejam ter o aparelho. Embora a maioria das redes sociais exija idade mínima de 13 anos, 85% dos brasileiros dizem que os jovens querem estar conectados antes dessa idade. Além disso: 69% acreditam que a idade ideal para ter o primeiro celular é a partir dos 13 anos. 86% acreditam que os jovens desejam ter um celular antes dessa idade. “A diferença reflete como o desejo de estar conectado surge cada vez mais cedo, criando desafios para pais e educadores que buscam equilibrar a segurança e o desenvolvimento saudável”, pontua Renato.
A percepção geral é de que essa realidade faz com que os jovens percam momentos de lazer tradicionais, dedicando mais tempo às telas. 94% reconhecem que a exposição precoce aos celulares pode ser prejudicial para crianças e adolescentes. Quase a mesma porcentagem, 90% (139 milhões de brasileiros), concorda que as crianças de hoje não querem mais brincar na rua por causa do uso do celular ou para assistir TV.
Diante dessa situação, a maioria defende que os pais devem controlar o tempo de tela dos filhos, independentemente da classe social: Classes AB: 87% defendem o controle dos pais sobre o tempo de tela. Classes DE: 81% apoiam a necessidade de controle parental.
Além disso, 86% concordam que os celulares podem prejudicar o desenvolvimento das crianças, afetando a aprendizagem e a socialização. Os efeitos negativos percebidos incluem:
Vício em tecnologia: 75% dos entrevistados apontam este problema. Aumento da ansiedade e depressão: 71% acreditam que o uso excessivo de celulares contribui para essas condições. Problemas de sono: 70% reconhecem os impactos negativos no sono das crianças e adolescentes.
Desempenho escolar prejudicado: 68% observam que o uso do celular afeta negativamente o rendimento acadêmico. Dificuldades nas relações sociais: 54% identificam prejuízos na socialização. Exposição ao cyberbullying: 50% estão preocupados com esse risco.
“O uso cada vez mais precoce do celular tem afetado o comportamento das crianças e mudado dinâmicas de socialização. Estamos diante de um desafio novo: uma maioria de pais que vivenciaram uma infância sem smartphones tendo que lidar com o acesso precoce de crianças e adolescentes”, conclui Renato.
A pesquisa também analisou as percepções sobre o controle parental em diferentes faixas etárias: Tanto os mais novos quanto os mais velhos defendem o controle dos pais sobre o tempo de tela dos filhos. Baby boomers (61 anos ou mais): 87% defendem o controle parental. Geração Z (18 a 29 anos): 79% apoiam o controle, embora em menor proporção.
Em relação ao controle do conteúdo acessado pelas crianças:
Baby boomers: 87% defendem a necessidade de controle do conteúdo. Geração Z: 82% concordam com o controle, mas são menos enfáticos.
Outro dado relevante é que 9 em cada 10 brasileiros (94%) reconhecem que a exposição precoce aos celulares pode ser prejudicial para crianças e adolescentes, indicando uma consciência generalizada sobre os potenciais riscos associados ao uso excessivo de tecnologia na infância.
Além disso, o levantamento identificou que 90% dos brasileiros, ou 139 milhões de pessoas, concordam que as crianças de hoje não querem mais brincar na rua por causa do uso do celular ou para assistir TV, evidenciando uma mudança significativa nos hábitos de lazer e interação social das novas gerações.
“A pesquisa destaca um contraste importante entre a idade que os adultos consideram adequada para que crianças e adolescentes tenham o primeiro celular e a cidade em que os jovens desejam ter o aparelho. Essa diferença reflete como o desejo de estar conectado surge cada vez mais cedo, criando desafios para pais e educadores que buscam equilibrar a segurança e o desenvolvimento saudável”, reforça Renato. Os efeitos negativos percebidos incluem não apenas aspectos psicológicos, mas também físicos e sociais. Além dos problemas de sono, ansiedade e depressão, há preocupações com o desempenho escolar e a capacidade de estabelecer relações interpessoais saudáveis. O cyberbullying, mencionado por 50% dos entrevistados, é outra questão crítica que pode ter consequências duradouras na vida dos jovens.
Diante desse cenário, pais e educadores buscam estratégias para equilibrar o uso da tecnologia com atividades que promovam o desenvolvimento integral das crianças e adolescentes. A implementação de políticas públicas, como a proposta de proibição do uso de celulares nas escolas, é vista por muitos como um passo importante nessa direção. “A tecnologia é uma ferramenta poderosa que oferece inúmeras oportunidades, mas é essencial que seu uso seja acompanhado de orientações adequadas. O controle parental não deve ser visto como uma restrição, mas como uma forma de garantir que as crianças tenham uma relação saudável com a tecnologia, aproveitando seus benefícios sem sofrer com os efeitos negativos”, acrescenta Renato.
A discussão sobre o tempo de tela e o acesso precoce à tecnologia também reflete diferenças geracionais. Enquanto os baby boomers vivenciaram uma infância sem a presença de dispositivos digitais, a geração Z já nasceu em um mundo altamente conectado. Essa diferença influencia as percepções e atitudes em relação ao controle e ao monitoramento do uso da tecnologia.
Mesmo entre os mais jovens, há reconhecimento dos potenciais riscos associados ao uso excessivo de celulares. Embora a geração Z seja menos enfática em relação ao controle parental (79% defendem o controle do tempo de tela e 82% o controle do conteúdo), a maioria ainda concorda com a necessidade de algum nível de supervisão.

Metodologia da Pesquisa
A pesquisa quantitativa realizada pelo Instituto Locomotiva e QuestionPro contou com uma amostra de 1.491 entrevistas realizadas em todo o país, no período de 24 de junho a 8 de julho. A margem de erro é de 2,5 pontos percentuais, com nível de confiança de 95%.

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