O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está demonstrando uma maior disposição em aceitar custos econômicos domésticos ao utilizar tarifas como ferramenta política, segundo análise de Christopher Garman, diretor-executivo para as Américas do grupo Eurasia.
De acordo com o especialista, o governo Trump não apenas acredita que as tarifas podem atrair empregos para a economia americana, mas também as utiliza como uma forma de arrecadação para financiar a redução de impostos proposta em uma reforma tributária que está em discussão no Congresso dos EUA.
Espaço limitado para negociações
Garman avalia que o Brasil tem pouco espaço de manobra para negociar em comparação com outros países. “O espaço de negociação é menor, a capacidade do Brasil extrair concessões e ressalvas à tarifa de aço ou talvez outras que virão vai ser um pouco menor”, afirma o especialista.
Diante desse cenário, o analista sugere que o Brasil adote uma estratégia semelhante à de países do sudeste asiático, como Vietnã, Malásia e Indonésia. Essa abordagem consiste em não retaliar com tarifas e buscar oferecer mais compras de produtos americanos, enquanto lentamente aumenta as relações comerciais com a Europa e a China.
Diferentes estratégias de reação
Garman destaca que países como México, Canadá e China têm adotado uma postura diferente, buscando retaliar de maneira a impor custos em estados e eleitores republicanos que possam fazer lobby para tentar demover a Casa Branca de possíveis aumentos tarifários.
No entanto, para o Brasil e outros países com menor volume de comércio com os EUA, essa estratégia pode não ser tão eficaz. “Não temos instrumentos de retração tarifária tão forte, então temos que buscar pelo menos deixar um pouco quieto e não piorar a situação com uma guerra tarifária”, conclui o especialista.