TSE vai decidir se cede urnas eletrônicas para eleição interna do PT

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) vai decidir se urnas eletrônicas poderão ser emprestadas aos diretórios estaduais do Partido dos Trabalhadores (PT) para a realização da eleição interna da legenda, prevista para 6 de julho.

O presidente interino da sigla, senador Humberto Costa (PI), pediu que a presidente do TSE, ministra Cármen Lúcia, intervenha para garantir a cessão dos equipamentos, diante de dificuldades de interlocução com os Tribunais Regionais Eleitorais (TREs).

Costa destacou que a votação no Processo de Eleição Direta (PED) ocorre em todo o território nacional, envolve mais de 1,3 milhão de petistas filiados e precisa da capilaridade dos TREs.

Segundo interlocutores da ministra, ela se mostrou sensível ao apelo, mas estuda o caso com cautela devido ao ineditismo da situação – é o primeiro pedido de empréstimo de urnas envolvendo um partido político.

O receio é de que a liberação dos aparelhos para o PT possa abrir margem para contestações de fraude por políticos alinhados ao bolsonarismo, especialmente a pouco mais de um ano das eleições gerais de 2026.

A avaliação é de que o TSE, embora tenha como provar que, a cada eleição, as urnas são zeradas para a inseminação dos sistemas específicos do pleito, “praticamente contrataria uma crise para gerir”, como disse uma fonte.

Do lado do PT, a ala próxima a Costa diz que, com a solicitação, o partido demonstra confiar integralmente nas urnas – uma narrativa que contrapõe a do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), declarado inelegível por atacar, sem provas, o sistema eletrônico de votação.

Mas há um segmento de petistas que discorda. A leitura é a de que, se a eleição com as urnas transcorrer bem, alimenta “fake news” sobre uma suposta contaminação; caso ocorra algum problema, o discurso pode ser o de que a fraude acontece “até com o PT”.

Esse segmento defende que a votação ocorra por meio de um sistema virtual semelhante ao utilizado nas eleições da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) – basicamente um site em que o filiado se cadastra e vota, após uma autenticação da sua identidade.

É comum o uso de urnas eletrônicas em outras ocasiões que não as eleições gerais e municipais. No ano passado, por exemplo, o TRE do Rio de Janeiro emprestou os dispositivos para a eleição da presidência do Flamengo.

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) também costuma contar com urnas eletrônicas do TRE do Distrito Federal para votação de listas tríplices. Em geral, os equipamentos são disponibilizados gratuitamente, com a entidade arcando apenas com os custos logísticos.

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