Por Mateus Gusmão
O meio político de Volta Redonda ficou em polvorosa na manhã de quinta, 2. É que agentes da Polícia Federal estavam nas ruas para apurar suspeitas de crimes eleitorais em 2024. Com mandados de busca e apreensão nas mãos, os policiais buscavam desvendar um esquema de corrupção eleitoral. “Quem será o investigado?”, foi a pergunta que tomou conta dos bastidores do meio político. A confirmação surgiu horas depois do início da operação: um dos investigados seria o ex-vereador e atual assessor legislativo da Prefeitura de Volta Redonda, Vander Temponi (UB). Ele não se reelegeu, mas conseguiu 1.774 votos em 2024.
A Polícia Federal deflagrou a ‘Operação Ambitus’ ainda nas primeiras horas de quinta, 3, com o objetivo de apurar e reprimir os crimes de associação criminosa e corrupção eleitoral. No total, foram cumpridos três mandados de busca e apreensão em residências de investigados, no Jardim Amália, no Açude I e no Açude II. Foram apreendidos aparelhos celulares, documentos diversos e anotações, que serão submetidos à perícia técnica e análises para continuidade das investigações.
Segundo nota oficial da Polícia Federal, as investigações revelaram indícios de que um dos candidatos teria se articulado com lideranças comunitárias que se apresentavam como pessoas dotadas de certa influência em alguns bairros da cidade. “A partir disso, tais lideranças intermediavam a compra de votos por meio de valores a serem fornecidos pelo candidato envolvido. Caso o político obtivesse o desempenho esperado nos bairros sob a responsabilidade dos aliciadores e, com isso, fosse eleito, havia uma promessa de premiação por meio de cargos comissionados”, detalha a nota da PF.
Ainda de acordo com a nota da Polícia Federal, a suposta compra de votos ocorria por meio da comparação entre a quantidade de votos nas seções eleitorais existentes nos bairros em que houve compra do apoio. A quantidade de votos era comparada a uma lista de títulos de eleitores dos cidadãos que se ofereceram para vender seu apoio. Os envolvidos poderão responder pelos crimes de associação criminosa e corrupção eleitoral. O advogado Márcio Delambert, responsável pela defesa de Temponi, questionou a operação, alegando que a busca e a apreensão teriam sido o primeiro ato da investigação, o que configuraria um excesso. “Fica a sensação de excesso quando o cumprimento de um mandado de busca e apreensão é o primeiro ato de uma investigação. Parece uma busca especulativa, sem um objetivo claro ou declarado. A defesa já fez solicitação de acesso aos autos para esclarecer os fatos, bem e plenamente”, reforçou o advogado, salientando que vai procurar entender os fatos e tomar as medidas cabíveis.
Essa não é a primeira vez que Temponi vira alvo da Justiça. Ele chegou a ser processado pelo Ministério Público por supostamente liderar um esquema de ‘rachadinha’ em seu gabinete na Câmara de Volta Redonda, enquanto era parlamentar. Ele foi condenado em primeira instância a mais de 25 anos de prisão, junto com outros dois assessores – condenados a 13 anos cada um. Ele chegou a ser afastado do cargo de vereador por decisão judicial. Em fevereiro deste ano, Temponi foi absolvido de todas as acusações pelo Tribunal de Justiça, através da 6ª Câmara Criminal. Da decisão ainda cabe recurso.
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