O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, estava no Vaticano hoje à tarde para uma audiência com o santo papa. Ocorre que a benção da política econômica depende do presidente da Câmara, Arthur Lira. Ao contrário do papa, um homem de poucas liturgias.
O sumo pontífice do baixo e alto clero na Câmara dos Deputados em Brasília telefonou para o ministro lá no Vaticano para dizer que havia sido rompido um cânone. O do “pacta sunt servanda”, que significa, em latim, “os acordos serão cumpridos”.
Lira não falou em latim. Usou a linguagem corrente da política, que tem poucas declinações e sérias implicações.
Ele tinha se empenhado para conseguir taxar as blusinhas em 20%. E vai daí que o relator da matéria no Senado tira isso do texto que ia ser votado lá depois de aprovado na Câmara.
Lira desconfia que há o dedo do diabo nisso aí. Que botou nele a culpa da maldade para que algum outro fique com o lado da bondade — afinal, como diz Lula, é preciso garantir um precinho para as bugigangas.
Não foi a única confusão hoje. Por medida provisória, o governo mexeu mais uma vez nas regras do sistema tributário. Para compensar perdas que terá com a desoneração de folhas de pagamento de setores da economia e das prefeituras. O resultado é tornar mais difícil o uso de créditos tributários, gerando enorme impacto financeiro para empresas. Ao fazer isso, o cardeal Haddad apenas seguia piamente o dogma deste governo — o de arrecadar a qualquer custo, para sustentar a ampliação de gastos públicos.
O papa Francisco tem se mostrado preocupado com a rigidez de dogmas da Igreja que ele chefia. Ele provavelmente desconhece os dogmas da política econômica do governo brasileiro.
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