Por Mateus Gusmão
O calor infernal dos últimos dias deve estar afetando os neurônios dos políticos. Tanto em Brasília quanto em Volta Redonda, onde, logo na primeira sessão da Câmara de Vereadores, na segunda, 17, os ânimos ‘pegaram fogo’ entre Zoinho de Oliveira (Rep), que retornou à Casa após 24 anos de ausência, e Luciano Mineirinho (UB), líder do governo Neto. O quiproquó pode parar até na Justiça. É que, ao falar da tribuna, Zoinho chamou Mineirinho de antiético e acusou o colega de, supostamente, ter praticado ‘rachid’ em seu gabinete. Em respostas, Mineirinho disse que pode levar o caso aos tribunais. “Eu colhi o vídeo da sessão e enviei aos meus advogados, que estão analisando a fala dele (Zoinho). Eles estão vendo qual a melhor forma e se cabe impetrar uma ação judicial”, destacou.
Ao usar a tribuna, Zoinho inicialmente agradeceu a Deus por, após 24 anos, ter permitido que ele voltasse ao Legislativo e deixou claro que não pensa em disputar a reeleição daqui a quatro anos. “Eu devo essa cadeira a meu grupo, que trabalhou de forma voluntária na minha campanha. As pessoas trabalharam por amor, por acreditar em meu trabalho. Eu agradeço à minha esposa e filhos, que não queriam minha candidatura, mas que, após a homologação de meu nome como candidato, entraram com tudo na campanha”, disse o vereador, que já foi deputado federal. Zoinho aproveitou para de forma sarcástica agradecer a Mineirinho.
“Eu queria agradecer ao vereador Mineirinho, que foi ingrato comigo”, disparou, para surpresa de todos os presentes. “Eu o ajudei a sentar naquela cadeira. Mas ele foi um dos primeiros, junto com seus assessores, a dizer que o Zoinho estava morto politicamente. Diziam que eu não venceria eleição nem para presidente de associação de moradores e nem para síndico de prédio”, completou Zoinho, ressaltando que, se não fosse por essas frases do ex-amigo, que foi seu contador durante anos, talvez não fosse candidato. “Ele é antiético. As pessoas às vezes podem achar que sou radical, mas não sou. As lideranças políticas que eu tinha sabem que ele mandava os cabos eleitorais dele, da rachadinha dele, irem lá oferecer dinheiro para as pessoas saírem da minha campanha”, completou Zoinho, dizendo que Mineirinho estaria supostamente oferecendo R$ 500 para as pessoas deixarem de apoiá-lo. “Eu admiro uma pessoa que eu ajudei a chegar nessa casa oferecer dinheiro para as pessoas me abandonarem”, desabafou.
A resposta
O troco de Mineirinho foi dado no final da sessão. “Eu nunca fui uma pessoa antiética. Quem me conhece nesta Casa, nos oito anos em que estou aqui, sabe que eu sempre respeitei a todos” comentou. “Eu sempre o respeitei (Zoinho) dentro da nossa comunidade. Nunca falei mal dele. Acho que ele ficou chateado porque não o apoiei na última eleição, até porque eu tinha um compromisso com o deputado Rodrigo Bacellar”, acrescentou, indo além. Negou que tenha oferecido R$ 500 para que cabos eleitorais deixassem a campanha de Zoinho. “Nunca dei dinheiro para alguém abandoná-lo. Pelo contrário. Eu perdi duas lideranças que tinha para ele e eu respeitei essa decisão”, disse. “Eu o ajudei em 10 campanhas, sempre de forma gratuita, nunca fui nomeado por ele a cargo nenhum”, completou Mineirinho.
O líder do governo Neto lembrou até de uma reportagem do Fantástico, programa da Rede Globo, feita contra Zoinho. “Nesse momento do Fantástico, um dos piores da vida dele, naquela máfia da qual ele foi acusado, fiquei do lado dele. Agora ele não fala comigo. Não vou ficar entrando em polêmica. Vou continuar fazendo meu trabalho para ajudar meu povo, minha comunidade”, disparou. Mineirinho, entretanto, disparou algumas ameaças a Zoinho. “Eu tenho muita coisa para falar. Eu fui contador dele por muitos anos. Vou levantar tudo, vou para a tribuna, vou para o Ministério Público. Eu, hein. Estou aqui para fazer um mandato para o povo”, ameaçou. Antes dos dois irem embora, Zoinho prometeu usar mais uma vez a tribuna para atacar o adversário. Ou seja: vem mais chumbo grosso por aí!